Só com Muito Amor

27 nov

O Calango 2010 continua com uma programação recheada do melhor da música independente do país. Ontem (26/11), a Praça das Bandeiras recebeu atrações de todo o Brasil, e até da Argentina, com a banda Pez.

Os shows começaram cedo, o sol estava forte, mas já tinha um público prestigiando as bandas na frente do palco. O primeiro grupo a se apresentar foi o Ponto 6, constituído de garotos ainda muito novos que venceram as prévias do Calango e tiveram a oportunidade de tocar no festival.

Em seguida, quem subiu no palco foram os mineiros da 4Instrumental. A banda, ainda pouco conhecida, surpreendeu o público positivamente. Por vezes, o teclado iluminado de Tiago Salgado dominava o ambiente, outras era a guitarra de Thiago Guedes que preenchia o espaço com solos belíssimos.

 

4Instrumental

 

A 4Instrumental é do interior de Minas, cidade chamada Sabará, e decidiram se juntar em torno de uma banda para participar do festival Minas Instrumental, já que, até então, não havia na cidade nenhuma banda instrumental para participar do evento.

Em apenas um mês de ensaio, os músicos fizeram cinco músicas juntos e tocaram no festival, chamando atenção do público presente. De lá para cá, a banda tem feito mais e mais músicas autorais e começado a sair de Minas. Neste ano, já tocaram na Virada Cultural, em São Paulo, e agora em Cuiabá, no Calango 2010.

A apresentação começou com o sol forte que, à medida que a música ia conquistando o espaço e o público, foi se pondo devagar, como se quisesse resistir até o último momento para curtir o som dos mineiros. A música, tocada com sinceridade, deu ao pôr do sol uma sensação ainda mais lúdica do que o fenômeno natural já tem.

O pessoal da Stop Play Moon, que tocou ontem à noite na festa Touché, na CAFE, também estava assistindo à 4Instrumental. “Eles têm uma coisa bem brasileira. Não é só rock, são várias referências”, disse Ricardo, integrante da SP Moon. De fato, a banda de Sabará é uma mistura de ritmos e influências.

“Não tem como fugir do rock inglês, mas a gente tenta ao máximo deixar mais brasileiro”, disse Tiago Salgado, tecladista e flaustista. O guitarrista Thiago Guedes completou o amigo, dizendo que “pra compor não tem só música, [mas também] tem o filme, um livro que você lê”.

A música Salto no Vazio, por exemplo, foi inspirada em uma fotografia de um rapaz se jogando de um edifício.

Depois dos meninos da Macaco Bong terem subido ao palco, mais cedo do que o previsto, de Jair Naves Paulo Monarco também terem se apresentado na Pça. da Bandeiras, outra grande surpresa da noite foi a banda carioca Do Amor.

Do Amor

Pela terceira vez no Calango, a banda fez o público pular, cantar, dançar, com suas perfomances extremamente descontraídas. A própria música dos caras já tem traços de brincadeira que fazem do show algo ainda mais divertido.

Segundo a banda, é sempre muito bom tocar no festival que tem um “público incrível, interessado, disposto a conhecer o que tá rolando”. Eles consideram que estamos passando por um momento único da música independente brasileira.

“Tá todo mundo cada vez mais interessado no processo artístico. É uma revolução. E os festivais tão apostando nisso, nessas bandas que não se limitam a um só estilo musical, que buscam experimentar mais, misturar estilos. Uma coisa bem da música brasileira”, disse Gustavo Benjão, guitarrista.

A coletiva de imprensa com os cariocas teve de ser corrida, porque Júpiter Maçã já estava no palco e os meninos estavam loucos para assistir ao show. Inclusive, Júpiter foi pessoalmente elogiar a apresentação de Do Amor, que considera “uma banda simpática, com músicas igualmente simpáticas”.

A noite acabou por volta das três horas da manhã com uma apresentação memorável de Júpiter Maçã, que não só fez a galera se pendurar no palco, com as letras na ponta da língua, como também voltou para um bis ao final do show.

A noite de sexta ficará gravada na mente, nos corações e nos ouvidos de quem esteve na praça, durante um bom tempo. É como disseram os músicos de Do Amor: “Só com muito amor mesmo pra levar isso até as últimas conseqüências” e os músicos que se apresentam nesta edição do Calango, definitivamente, o levam!

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